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27 de maio de 2012

Opinião | Amor (para ser) livre | Diego Paz


Na noite do dia 24 de maio de 2012, na Colônia Prisional Feminina do Bom Pastor (Recife-PE), 14 casais, formados por pares heterossexuais e homossexuais, oficializavam seus relacionamentos numa cerimônia coletiva. O acontecimento é possível, pois há cerca de um ano o Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecia, numa decisão por unanimidade, a união estável entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar.


Quando surgiu a ideia do casamento coletivo, o grupo de mulheres era formado por 35 casais, aos quais foram dadas as orientações jurídicas quanto ao que se trata o regime de união estável, dos quais 14 decidiram levar a decisão adiante, diz Alana Couto, Chefe Executiva da Colônia Penal.

Estiveram presentes oferecendo um breve discurso e compondo a mesa do evento Cristina Buarque, feminista e Secretária da Mulher do Governo do Estado de Pernambuco; Amparo Araújo, Secretária de Direitos Humanos do Recife e outras figuras da cena política do Estado. Também à mesa, uma das quais e representando todas as noivas da noite, Priscila Teixeira Santos: “Eu estou realizando um sonho”, diz Priscila.

A trilha sonora de entrada dos noivos e noivas ficou por conta do Grupo de Percursão Paz e Liberdade, que é formado por cerca de 33 Reeducandas, como são chamadas as mulheres que estão reclusas no lugar. Liderado pelo músico Felipe França, o grupo existe há apenas 2 meses. Quanto aos trajes, os casais homossexuais repetiram o padrão dos casais heterossexuais, sendo que uma das parceiras usava vestido e buquê à mão e a outra trajes do guarda-roupa masculino, calça e camisa.

Alguns relacionamentos tiveram início fora do local de detenção, outros, surgiram dentro da Colônia Penal. É o caso de Grace Kelly (26 anos) e Mércia Ferreira (22 anos), companheiras de cela e há 3 anos e meio vivem em uma relação estável. Quando questionadas por qual motivo levaram a decisão de se casar até o fim, a resposta ressoou em uníssono e carregado de ênfase: “o amor”. O casal faz planos de morar juntas quando estiverem em liberdade.