Na noite do dia 24 de maio de 2012, na Colônia Prisional
Feminina do Bom Pastor (Recife-PE), 14 casais, formados por pares
heterossexuais e homossexuais, oficializavam seus relacionamentos numa
cerimônia coletiva. O acontecimento é possível, pois há cerca de um ano o
Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecia, numa decisão por unanimidade, a
união estável entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar.
Quando surgiu a ideia do casamento coletivo, o grupo de
mulheres era formado por 35 casais, aos quais foram dadas as orientações
jurídicas quanto ao que se trata o regime de união estável, dos quais 14
decidiram levar a decisão adiante, diz Alana Couto, Chefe Executiva da Colônia
Penal.
Estiveram presentes oferecendo um breve discurso e compondo
a mesa do evento Cristina Buarque, feminista e Secretária da Mulher do Governo
do Estado de Pernambuco; Amparo Araújo, Secretária de Direitos Humanos do
Recife e outras figuras da cena política do Estado. Também à mesa, uma das
quais e representando todas as noivas da noite, Priscila Teixeira Santos: “Eu
estou realizando um sonho”, diz Priscila.
A trilha sonora de entrada dos noivos e noivas ficou por
conta do Grupo de Percursão Paz e Liberdade, que é formado por cerca de 33
Reeducandas, como são chamadas as mulheres que estão reclusas no lugar.
Liderado pelo músico Felipe França, o grupo existe há apenas 2 meses. Quanto
aos trajes, os casais homossexuais repetiram o padrão dos casais
heterossexuais, sendo que uma das parceiras usava vestido e buquê à mão e a
outra trajes do guarda-roupa masculino, calça e camisa.
Alguns relacionamentos tiveram início fora do local de
detenção, outros, surgiram dentro da Colônia Penal. É o caso de Grace Kelly (26
anos) e Mércia Ferreira (22 anos), companheiras de cela e há 3 anos e meio
vivem em uma relação estável. Quando questionadas por qual motivo levaram a
decisão de se casar até o fim, a resposta ressoou em uníssono e carregado de
ênfase: “o amor”. O casal faz planos de morar juntas quando estiverem em
liberdade.