Para responder sobre a violência policial, o JC entrou em
contato com Wilson Damázio, Secretario de Defesa Social do Governo de
Pernambuco. Damázio, que recentemente ordenou prisões políticas, legitimou e
coordenou a truculência policial contra a população que foi às ruas exigir
melhores condições de vida, nessa entrevista nos brindou com a inaceitável
frase “NÃO SEI POR QUE MULHER GOSTA TANTO DE FARDA”, reafirmando valores
machistas e homofóbicos e defendendo, sem nenhum pudor e de forma debochada, o
discurso violento de que a culpa é da vítima.
“Desvio de conduta a gente tem em todo lugar. Tem na casa da
gente, tem um irmão que é homossexual, tem outro que é ladrão, entendeu? Lógico
que homossexualidade não quer dizer bandidagem, mas foge ao comportamento da
família tradicional. Então, todo lugar tem alguma coisa errada…” “aqui tem muitos problemas, com mulheres, principalmente…
Elas às vezes até se acham porque estão com policial. O policial exerce um
fascínio no dito sexo frágil.. Eu não sei por que é que mulher gosta tanto de
farda. Todo policial militar mais antigo tem duas famílias, tem uma amante,
duas. É um negocio. Eu sou policial federal, feio pra c**.. a gente ia pra
Floresta (Sertão), para esses lugares. Quando chegávamos lá, colocávamos o
colete, as meninas ficavam tudo sassaricadas. Às vezes tinham namorado, às
vezes eram mulheres casadas. Pra ela é o máximo tá dando pra um policial.
Dentro da viatura, então, o fetiche vai lá em cima, é coisa de doido.”
O que está por trás das declarações repugnantes de Damázio?
Ora, além de provocar indignação e revolta, as declarações
tornam nítida a forma de gestão da segurança pública em Pernambuco e o
descompromisso do governo Eduardo Campos com a luta contra a violência
patriarcal – que só é tratada na sua vertente doméstica, deixando de lado toda
a gama de situações violentíssimas e de violação de direitos humanos de meninas
e mulheres, como as abordadas na matéria do JC. O machismo institucional
impregnado nas palavras do secretário é o mesmo que está presente na atuação da
polícia. Assim, é conivente e legitima estupros, espancamentos e abusos
cometidos por policiais nas noites do Recife. Além disso, o carro chefe do
modelo de segurança, que é o “Pacto pela Vida”, terminou por incorporar em suas
práticas, como a Patrulha dos Bairros, a violência policial contra meninas e
mulheres negras. As palavras do secretário condensam a (não) política do
governo de Pernambuco para as mulheres e, em última instância, reforçam a
lógica de que a culpa da violência que sofrem é sempre das meninas e mulheres.
Do mesmo modo, estas declarações deixam indignados aqueles
que acreditam numa sociedade mais justa, sem discriminação ou preconceitos
baseados na orientação sexual ou identidade de gênero das pessoas. Um governo
que instituiu uma Assessoria de promoção da diversidade sexual jamais poderia
produzir afirmações de tamanha homofobia. Homossexualidade é um assunto
bastante familiar, caro Secretário, e não deveria ser tratado como “coisa
errada”, “Desvio de conduta” nem como desvio do “comportamento da família
tradicional”. Tradicional deveria ser aquela família que cuida e respeita e não
a que discrimina e exclui. Precisamos mudar muita coisa na forma como as
instituições pernambucanas lidam com essa questão e, certamente, essa mudança
começa no modo como entendemos o problema. Homofobia sim é “desvio”, “coisa
errada”. Homossexualidade é tão somente experiência de prazer, afeto e vínculo.
Esta postura do Secretário não pode permanecer impune. Por
outro modelo de segurança pública! Chega de violência policial! FORA DAMÁZIO!
Damázios: Não passarão!
ABONG
Articulação AIDS de PE
Assembleia Nacional de Estudantes- Livre
CENDHEC
Centro de Cultura Luiz Freire
Coletivo Toda Forma de Amar
Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas
CONLUTAS
CSP
Direitos Urbanos | Recife
Forum de Mulheres de Pernambuco
Forum LGBT de Pernambuco
Forum Pernambucano de Comunicação
Frente de Luta pelo Transporte Público de PE
Gajop
GEMA/UFPE
Instituto Papai
Juntos!
Marcha Mundial de Mulheres
Movimento Mulheres em Luta
Movimento Nacional de Direitos Humanos
Najup/UFPE
Partido Pirata – PE
PSOL/PE
RENAJU (Rede Nacional de Assessoria Jurídica Universitária)