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6 de abril de 2014

José Wilker, um grande ator e um grande homem.

As instituições que compõem a Rede de Homens pela Equidade de Gênero prestam uma homenagem pública a um grande homem, que faleceu na manhã deste sábado (04/04/2014).

Pai de Mariana e Isabel, José Wilker foi um dos atores que protagonizou, em 2008, a campanha “Dá licença, eu sou pai!”, promovida pela Rede de Homens pela Equidade de Gênero, sob a coordenação do Instituto PAPAI.

José Wilker (assim como Marcelo Novaes, Licurgo Spinola e Alexandre Borges) gentilmente se disponibilizou a colaborar com nossa campanha, participando da gravação de uma vinheta 
e da confecção dos cartazes da campanha.

A campanha "Dá licença, eu sou pai!" integra a campanha mais ampla "Paternidade: direito, desejo e compromisso" e tem o objetivo de promover a ampliação da licença paternidade, com equiparidade entre licença maternidade e licença paternidade, de modo a garantirmos a igualdade de direitos entre homens e mulheres, no campo reprodutivo.

Ainda em vigor, a campanha defende que é necessário rever o tempo disponível aos pais no cuidado de seus filhos recém-nascidos ou recém-adotados. Por uma questão de justiça com as mães, com as crianças e com os próprios pais. Por uma questão de garantia de direitos e equidade. Por reconhecer que existem modelos diferentes da família pai-mãe-filho. Por reconhecer que, no Brasil, existem pais solteiros e pais em famílias homoafetivas. Nessas situações famílias e crianças são injustamente penalizadas. Mais informações sobre a campanha, clique aqui!

Isabel Wilker (foto ao lado), uma das filha de José, publicou em uma rede social: “Só tenho amor, muito amor, e agora saudades, sempre”.

Num momento em que observamos que direitos e conquistas historicamente alcançados se encontram ameaçados por grupos conservadores e reacionários é muito importante agradecer a vida daqueles que se dedicaram a garantia de valores democráticos e humanos e que se posicionaram publicamente.

Por isso, nesse momento, registramos nossa eterna gratidão a José Wilker, na forma de poesia, com sabor de saudade. E agora José?




Vida e obra

Filho de Raimunda e Severino, José Wilker nasceu em 1946, em Juazeiro do Norte, interior do Ceará. Ainda criança, foi viver em Recife. Começou a carreira em rádio, aos 13 anos como figurante de teleteatro da TV Rádio Clube, do Recife. Aos 18 anos, começa a carreira de ator profissional no Movimento Popular de Cultura (MPC), do Partido Comunista. Ali estudou teatro e dirigiu espetáculos pelo sertão nordestino. Mudou-se para o Rio de Janeiro aos 19 anos. Estudou sociologia na PUC-RJ, porém, logo abandonou o curso para se dedicar exclusivamente ao teatro.



Em mais de 40 anos de carreira, o ator José Wilker colecionou interpretações marcantes. A produção de Wilker é extensa. No cinema, participou de cerca de 70 filmes. Interpretou entre outros, Tiradentes, no filme “Os Inconfidentes” (1972); Vadinho  em “Dona Flor e seus dois maridos” (1976), inspirado no romance de Jorge Amado (maior bilheteria do cinema nacional até 2010); Lorde Cigano, em “Bye Bye, Brasil” (1980); o deputado carioca Tenório Cavalcanti em “O Homem da Capa Preta” (1986) e Antônio Conselheiro (1997), o líder religioso cearense que em 1896 viu-se no centro de um dos conflitos sociais brasileiros que marcaram a história do país, a Guerra de Canudos. Conselheiro criou uma comunidade independente para proteger pessoas submetidas ao poder dos fazendeiros locais. Estes foram dizimados pelo Estado. O ator foi também narrador do documentário “Jango” (1984), sobre o ex-presidente João Goulart, deposto pelo golpe militar de 1964. Destacou-se também na direção e na crítica de cinema.


Atuou em quase 30 novelas. Sua estreia foi 1971, na novela “Bandeira 2”, dirigida por Dias Gomes. Em sua segunda novela, “O bofe”, de Braulio Pedroso, interpreta um hippie contestador. O público reage mal à história e Pedroso é afastado. Wilker pede demissão em solidariedade ao autor. Outras novelas de grande sucesso foram “Roque Santeiro” (1985), e “Gabriela” (1975), adaptação de outro romance do escritor Jorge Amado. Interpretou personagens célebres na televisão, como Giovanni Improtta, na telenovela “Senhora do Destino” (com seus Felomenais bordões) e o ex-presidente Juscelino Kubitschek na minissérie JK. Em 2012, fez o personagem Jesuíno Mendonça na regravação da telenovela “Gabriela”. O personagem foi marcado pelo bordão “Vou lhe usar”, que se tornou febre nas redes sociais. Sua última atuação foi na novela “Amor à Vida”, primeiro como narrador, depois como personagem Herbert. Esta novela ficou no ar até o início de 2014.

Fontes: 
El país, Globo.com

Integram a Rede de Homens pela Equidade de Gênero:
Instituto PAPAI
Núcleo de Pesquisas em Gênero e Masculinidades (Gema/UFPE)
Instituto Promundo
Instituto NOOS
Ecos - Comunicação em Sexualidade
Coletivo Feminista, Sexualidade e Saúde
Margens/UFSC
Themis/RS
Abrapso-PA

Abrapso-CE