No próximo domingo, 10 de agosto de 2014, integrantes do Núcleo
de Pesquisas em Gênero e Masculinidades (Gema/UFPE) e do Instituto PAPAI, que integram a Rede Brasileira de Homens pela Equidade de Gênero (Rheg) realizarão ato público para informar à população em geral sobre a Lei do/a
acompanhante, que garante à mulher apoio durante o pré-parto, parto e pós-parto
imediato. Também será momento de reunir depoimentos de pessoas que tiveram esse direito violado.
A campanha "Pai não é visita! Pelo direito de ser acompanhante!" se desenvolve ao longo de todo o ano, porém na
semana do dia dos pais tem sua maior visibilidade. O Parque 13 de Maio foi
escolhido porque, tradicionalmente, é um local de encontro dos pais recifenses
e seus filhos para comemorar essa data especial.
Esta campanha vem sendo desenvolvido pelo Instituto PAPAI e
pelo Gema/UFPE, desde 2006. Em linhas gerais, visa tornar a lei conhecida pela
população em geral e ao mesmo tempo exigir dos Governos Municipal, Estadual e
Federal o respeito a este direito das mulheres e ao desejo dos homens de serem
acompanhantes.
Por que é importante?
A presença de um/a acompanhante de escolha da gestante é uma
das recomendações da Organização Mundial de Saúde para a humanização do parto e
nascimento.
Vários relatos científicos têm evidenciado que a presença de
um acompanhante durante o pré-parto, parto e pós-parto pode favorecer inclusive
no processo fisiológico do parto, diminuindo o período de internação e
recuperação e reduzindo a necessidade de uma indesejável cesariana. Ou seja, a
presença de alguém de confiança da mulher aumenta a sensação de bem estar da
mãe e do recém nascido, o que favorece inclusive bons indicadores de saúde.
Neste contexto, o envolvimento do pai com o cuidado
infantil, desde os primeiros momentos, pode contribuir significativamente para
que a experiência da paternidade e da maternidade sejam vividas de maneira
compartilhada e prazerosa pelo casal, gerando muita aprendizagem para ambos.
O problema é, em geral, somos educados desde muito cedo para
responder a modelos pré-determinados do que é ser homem e ser mulher. Embora
esses modelos variem ao longo do tempo e das culturas, o ato de cuidar de
crianças é, em geral, visto como “coisa de mulher”. Essa e outras regras
sociais têm gerado muitos obstáculos para a vida de mulheres, especialmente no
que se refere à dificuldade de conciliar a maternidade com o trabalho e para os
homens, quando eles desejam exercer práticas de cuidado.
Para construirmos uma sociedade mais justa, do ponto de
vista de gênero, é preciso romper com esses padrões culturais machistas e
preconceituosos que vivenciamos em nosso dia e muitas vezes orienta práticas
restritivas nas instituições de saúde.
Vivenciar a gravidez e o cuidado infantil, em parceria,
compartilhar dúvidas, enfrentar os medos e as inquietações pode trazer muitos
benefícios para a vida dos homens, das mulheres e das crianças.
Sobre a lei
A lei federal 11.108, de 07 de abril de 2005, também
conhecida como a lei do acompanhante afirma que os serviços de saúde do Sistema
Único de Saúde - SUS, da rede própria ou conveniada, são obrigados a permitir a
presença, junto à mulher, de um/a acompanhante durante todo o período de
trabalho de pré-parto, parto e pós-parto imediato. Afirma também que o/a
acompanhante será indicado pela mulher.
A portaria nº 2.418 de 2 de dezembro de 2005 define como
pós-parto imediato o período de 10 dias após o parto. Durante este período, o/a
acompanhante, assim como a gestante, tem direito a uma acomodação adequada e a
receber as principais refeições.
Atividades da
campanha
Blitz nas
Maternidades – Desde o último dia 14 de julho pesquisadores do Instituto PAPAI e Gema-UFPE estão
visitando as unidades de saúde do Grande Recife com o objetivo de divulgar a
Lei do Acompanhante e a sua implementação nas unidades de saúde.
Coleta de depoimentos
sobre o descumprimento da Lei do Acompanhante e audiência com o Ministério
Público de Pernambuco– desde junho, o Instituto PAPAI, através de formulário
disponibilizado pelas redes sociais, vem recebendo depoimentos de pessoas que
foram vítimas ou conhecem histórias de descumprimento à Lei do Acompanhante. O
objetivo é, com esses depoimentos, elaborar um relatório com denúncias sobre
esse tipo de problema e com sugestões para o Ministério Público de Pernambuco.
Na audiência pretende-se, também, mostrar o resultado da Blitz nas maternidades
(pesquisa sobre a implementação da lei).
Participação na Semana
Mundial do Aleitamento Materno no Hospital das Clínicas – na segunda, 4 de
agosto, o Instituto PAPAI participará da
Semana do Aleitamento juntamente com membros do Programa de Apoio à
Gestante Adolescente/ Progesta do Hospital das Clínicas, para falar da
importância da participação do pai do aleitamento. Haverá uma exposição de fotografias das
famílias e uma roda de conversa sobre a importância do aleitamento materno
Local: Portaria 4 do HC. Às 8h da manhã.
Roda de diálogos
– o Núcleo de Pesquisa em Gênero e Masculinidades – Gema-UFPE promove, na
quarta-feira, 6 de agosto, a roda de diálogos “Pai não é visita: direito ao
acompanhante no contexto da humanização em Saúde”. O encontro será às 14h no
auditório do 8º andar do Centro de
Filosofia e Ciências Humanas da UFPE e terá a participação, como debatedores,
do Prof. Jorge Lyra (Coordenador do GEMA-UFPE); Gigi Bandler (do Comitê de
Estudos Sobre Mortalidade Materna); Elaine Miller (Professora de Depto de
Antropologia e Museologia da UFPE); Mariana Azevedo (Coordenadora Geral do
Instituto PAPAI) e Ana Luisa Cataldo (Pesquisadora do GEMA-UFPE e Coordenadora
a sessão).
Palestra no Patronato
Penitenciário de Pernambuco – Na sexta-feira, 8 de agosto, às 9h, o
educador social do Instituto PAPAI, Rafael Acioly, participa de palestra no
Patronato Penitenciário de Pernambuco, órgão da execução penal, vinculado à
Secretaria Executiva de Justiça e Direitos Humanos, e que acompanha os
reeducandos em Regime Aberto, Livramento Condicional e Egressos do Sistema Prisional
do Estado de Pernambuco, com o propósito de fornecer o suporte necessário para
a ressocialização dos mesmos. A palestra abordará questões que se relacionam à
Paternidade, faz parte das comemorações do Dia dos Pais e ocorrerá no Auditório
do Procon, localizado na Rua Floriano Peixoto, 141, 4º andar, Santo Antônio (em
frente à Casa da Cultura), para um público de aproximadamente 100 pessoas.
Ato público: No
domingo, 10 de agosto, haverá o Ato público de divulgação da Lei do
Acompanhante e a coleta de denúncias sobre o descumprimento dessa lei. O evento
será no Parque 13 de Maio, Boa Vista, às 9h.