Embora grande parte da literatura em saúde utilize a palavra
homem, este é compreendido como sujeito genérico, sinônimo de humanidade. Romeu Gomes
e Márcia Thereza Couto (2005) apresentam que os homens na pauta da saúde
coletiva é uma questão contemporânea, produto da interface das ciências humanas
com a saúde, a partir da ótica do caráter social do adoecimento e pela
perspectiva de gênero como forma de compreender a relação saúde-sociedade pelo
viés da promoção da saúde.
Wilza Villela (2005) assinala que os modos como os homens
constroem e vivenciam as masculinidades está ligado as seus modos particulares
de adoecer e morrer, sendo esses modos múltiplos e variáveis. Essas construções
definem como os homens usam e percebem os seus corpos.
Os estereótipos de gênero, enraizados há séculos na cultura
patriarcal brasileira, potencializam práticas baseadas nas crenças de que a
doença é considerada como um sinal de fragilidade e que os homens não a
reconhecem como inerentes à sua própria condição biológica. Outro elemento
presente nesse contexto é que os serviços e as estratégias de comunicação em
saúde, em sua maioria, privilegiam as ações de saúde para a criança, a mulher e
o/a idoso/a, distanciando-se dos homens adultos.
Romeu Gomes (2003) traz importantes contribuições quando
afirma que estudar a saúde masculina não significa fortalecer o masculino em
detrimento do feminino. Estudar esses pólos como relacionais traz reflexões
valorosas sobre os novos papéis e posicionamentos dos gêneros.
No Brasil, no ano de 2009 foi lançada a Política Nacional de
Atenção Integral à Saúde do Homem, tendo como público alvo homens da faixa
etária dos 20 a
59 anos. Essa parcela da população correspondia a 52 milhões de pessoas no ano
de 2009. Em seu texto, a política apresenta uma série de indicadores, como a
violência que atinge, de maneira geral, o dobro de homens em relação às
mulheres e o triplo, se levarmos em consideração o grupo de 20 a 39 anos, apresentando
assim desafios para a atenção integral a essa parcela da população brasileira.
No ensejo do seu lançamento, ocorreu um boom e uma série de
pesquisas passaram a ser desenvolvidas tendo como foco a saúde dessa parcela da
população brasileira, esses estudos possuem os mais variados desenhos
metodológicos e pressupostos teórico/epistemológicos. As temáticas debatidas,
em sua maioria, centram-se no consumo, uso e abuso de substâncias psicoativas,
as implicações do câncer de próstata, violência, acessoaos serviços de saúde,
uso das tecnologias disponíveis nas redes de saúde. Essa produção acadêmica vem
sendo denominada como um novo campo dos estudos em saúde, que viria a ser a
“saúde do homem”.