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2 de julho de 2013

Posição | Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia contra a "cura gay"

A ANPEPP (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia) divulga Carta contra Projeto de Lei 234/11, que propõe a revisão da resolução 01/99 do Conselho Federal de Psicologia (CFP).






ANPEPP MANIFESTA-SE CONTRA PROJETO DE LEI 234/11 QUE PROPÕE A REVISÃO DA RESOLUÇÃO 01/99 DO CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP).
27/06/2013

Em um Estado laico, por princípio, a atuação profissional em Psicologia deve ser orientada pelo conhecimento científico e pela regulação ética dos pares, e não por legislação baseada em preceitos morais e religiosos.

Nós, pesquisadores e docentes em Psicologia, manifestamo-nos publicamente contrários ao Projeto de Lei 234/11 que propõe a revisão da Resolução 01/99 do Conselho Federal de Psicologia (CFP).

 A resolução ameaçada estabelece parâmetros para o atendimento psicológico com relação a orientação sexual e identidade de gênero e, para tanto, baseia-se tão somente em argumentos científicos, a partir dos quais contesta radicalmente a ideia de homossexualidade como doença e propõe, de forma simplificada, que, se não é doença, não se deve tratar.

 No dia 18/06/2013, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados se mostrou favorável ao projeto de Lei 234/11. Este projeto de lei (referido vulgarmente como “cura gay”) é um atentado aos princípios caros ao campo dos Direitos Humanos, mas também à autonomia profissional da psicologia, pois, ao incidir, desta forma, sobre a prática da psicologia, a referida a Comissão atribui-se o direito de ordenar sobre os saberes e a atuação profissional em psicologia.

O que precisamos ter claro é que não se trata apenas de sermos contra ou a favor da livre expressão da sexualidade (embora isso seja de extrema relevância na luta por direitos humanos). A questão é mais ampla: não podemos tolerar que grupos se valham de legislação para impor preceitos morais e religiosos.

Este projeto de lei não foi aprovado, definitivamente. Passará ainda por duas Comissões. Porém, é importante estarmos atentos, por exemplo, a justificativas como as do presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (Deputado Marcos Feliciano). Segundo ele: “As pessoas buscam um psicólogo porque estão com uma crise, uma angústia interior. O que as leva a isso é o que vai ser tratado à luz da pseudociência da psicologia” (fonte: www.senado.gov.br).

Pela afirmação da psicologia como ciência, pela autonomia do nosso exercício profissional, cuja regulação ética é feita por pares, e pela afirmação dos direitos humanos como direitos fundamentais, posicionamo-nos radicalmente contra esse projeto de lei e a favor de toda forma de manifestação pública contrária ao preconceito e à discriminação.