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15 de dezembro de 2014

Homens contra o machismo, o fascismo e o patriarcado

Texto publicado por Ramiro Simch no blog “corporalidades.wordpress.com”

Cada vez mais vêm ganhando força, em diversos países, as bandeiras levantadas pelo movimento feminista. A estrutura patriarcal, os papeis predefinidos de gênero e o sexismo são algumas das questões que pautam a atividade destes grupos de mulheres no século XXI. Entretanto, questionamentos dessa ordem já não são exclusividade delas. Pouco a pouco, os homens heterossexuais e cisgêneros incluídos também começam a trazer para seus ambientes o debate e a problematização de sua posição na sociedade. Um bom exemplo deste processo é o Coletivo de Homens Antipatriarcais, da Argentina.


Sob o lema “Nem machistas, nem fascistas”, o grupo surgiu há cinco anos na cidade de La Plata. Hoje, eles se agrupam sob os mesmos princípios em diversas localidades portenhas, inclusive na capital Buenos Aires. O objetivo principal é desconstruir os parâmetros culturais que determinam o que é ser homem e como este deve se vincular a outros homens, a mulheres, a transgêneros, etc. Segundo Márcia Veiga (2010, p. 50), “distinções de gênero não raro se transformam em relações desiguais entre o masculino e o feminino em todos os campos da vida social: nos corpos, nos discursos, nos conhecimentos, nas leis”. A discussão é contínua e infinita, como declaram os integrantes em entrevista à revista virtual Geni: “O patriarcado e o machismo estão em práticas cotidianas invisíveis, por isso estamos neste espaço, para trazê-las à tona. O tema de outras corporalidades, de outras identidades, ainda é difícil de abordar.”

Sob o ângulo da semiótica da cultura, podemos então afirmar que o Coletivo de Homens Antipatriarcais agencia processos de reconfiguração de sentidos em no mínimo dois âmbitos distintos: primeiramente, no espaço do sistema cultural hegemônico na sociedade, por serem homens que tensionam e desconstroem o seu papel social privilegiado; em segundo lugar, dentro do contexto específico das militâncias de gênero, por ser um grupo totalmente masculino realizando um conjunto de questionamentos que são majoritariamente desempenhados por mulheres.

REFERÊNCIAS